O que você precisa saber antes:
- Navegação no Terminal: Uso fluente de
cd(mudar diretório),ls(listar) emkdir(criar pastas). - Edição de Arquivos (CLI): Saber abrir, editar e salvar arquivos usando um editor de terminal como
nanoouvim. - Anatomia de Comandos: Entender que comandos aceitam argumentos (inputs). Por exemplo: Em “
mkdir projetos", o comando é"mkdir"e o argumento posicional é “projetos". Usaremos isso para criar automações dinâmicas. - Permissões (Sudo): Compreender que edições fora da sua pasta de usuário (
/home) exigem privilégios elevados.
A preguiça é uma das maiores virtudes de quem trabalha com TI. Se você digita o mesmo comando longo três vezes ao dia, está desperdiçando tempo cognitivo e digitação.
O shell (neste caso, o Bash) possui mecanismos nativos para encurtar comandos e automatizar sequências lógicas: os Aliases (apelidos) e as Funções.
Este log documenta como configurar ambos para tornar o uso do terminal mais fluido.
O Problema: Repetição Desnecessária
Imagine a rotina padrão de atualização no Debian/Ubuntu/Mint:
sudo apt update && sudo apt upgrade -y
São 38 caracteres. Se você executa isso diariamente, o custo acumulado é alto. O objetivo é transformar isso em uma palavra: atualizar.
Parte 1: Alias (O Básico)
O alias é uma substituição direta de texto. Você diz ao terminal: “Quando eu digitar X, entenda Y”.
A sintaxe básica é: alias nome='comando'.
Testando na sessão atual
Antes de gravar qualquer coisa, teste no terminal aberto:
alias atualizar='sudo apt update && sudo apt upgrade -y'
Agora, ao digitar atualizar, o sistema pedirá sua senha de sudo e executará o comando completo.
Importante: Aliases criados direto no prompt são voláteis. Se você fechar o terminal, eles somem. Para torná-los permanentes, precisamos editar o arquivo de configuração do shell (geralmente
~/.bashrcou~/.zshrc).
Exemplos Úteis de Alias
Aqui estão alguns aliases que utilizo para facilitar a navegação e segurança:
# Lista arquivos com detalhes, tamanho legível e cores alias ll='ls -lAh --color=auto' # Pergunta antes de sobrescrever arquivos ao copiar ou mover (Segurança) alias cp='cp -i' alias mv='mv -i' # Atalho para limpar o terminal alias c='clear'
Parte 2: A Limitação do Alias
Aliases são ótimos para comandos estáticos, mas falham quando precisamos de argumentos (variáveis) no meio do comando.
Imagine que você quer criar um diretório e entrar nele imediatamente. O comando manual seria:
mkdir projeto_novo cd projeto_novo
Tentar criar um alias para isso é complexo e propenso a falhas, pois o alias simplesmente “cola” o argumento no final do comando. Para lógicas onde a posição do argumento importa, usamos Funções.
Parte 3: Funções (Scripting Real)
Funções no Bash são pequenos scripts que aceitam argumentos posicionais ($1, $2, etc).
Para resolver o problema do “criar e entrar” (mkcd), usamos a seguinte lógica:
- Crie o diretório com o nome passado no primeiro argumento (
$1). - Entre no diretório com esse mesmo nome (
$1).
Para testar, execute o seguinte no terminal:
function mkcd() {
mkdir -p "$1"
cd "$1"
}
mkdir -p: A flag-pevita erro se o diretório já existir e permite criar subdiretórios aninhados (ex:pasta/subpasta)."$1": As aspas são vitais. Se você criar uma pasta com espaço no nome (“meu projeto”), sem aspas o bash entenderá como duas pastas diferentes.
Parte 4: Tornando Permanente (Editando o .bashrc)
Para que essas configurações carreguem sempre que você abrir o terminal, precisamos salvar no arquivo .bashrc (se usa Bash) ou .zshrc (se usa Zsh).
- Abra o arquivo de configuração (usarei o
nanopela simplicidade):
nano ~/.bashrc
- Vá até o final do arquivo (use as setas do teclado).
- Adicione seus aliases e funções. Recomendo criar uma seção comentada para manter a organização:
# --- Meus Aliases e Funções ---
# Aliases
alias atualizar='sudo apt update && sudo apt upgrade -y'
alias ll='ls -lAh --color=auto'
alias c='clear'
# Funções
function mkcd() {
mkdir -p "$1"
cd "$1"
}
- Salve o arquivo (
Ctrl+O, depoisEnter) e saia (Ctrl+X).
Parte 5: Recarregando o Shell
Após editar o arquivo, as mudanças não aparecem automaticamente na aba que já está aberta. Você tem duas opções:
- Fechar e abrir o terminal novamente.
- Forçar o terminal a reler o arquivo de configuração com o comando
source:
source ~/.bashrc
Conclusão
Automatizar o terminal não é sobre “hackear” o sistema, é sobre ergonomia. Comece com aliases simples para comandos longos. Quando perceber que precisa de lógica (como “fazer X com o arquivo Y”), evolua para funções.
Mantenha seu .bashrc limpo e organizado. Ele é a principal ferramenta do seu ambiente de trabalho.